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Foto do escritorAna Paula Batista

Como funciona o atendimento em Arteterapia?

Atualizado: 21 de out.



Comecei a falar aqui sobre Arteterapia apenas para introduzir o assunto. Pretendo cada vez mais trazer novos artigos sobre essa prática terapêutica tão rica. Lendo o primeiro texto, talvez você tenha se perguntado como é que funciona uma sessão de arteterapia na prática. Então fica aqui, pegue um café, que vou compartilhar contigo um pouco do que tenho estudado e do que tenho vivenciado no estágio que estou fazendo para concluir a especialização.


A arteterapia é muito abrangente e pode se encaixar em diferentes contextos e ambientes. Ela cabe na clínica, em instituições, empresas, órgãos públicos, na saúde, na educação, com os públicos mais diversos. Inclusive, a arteterapia está entre as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) na rede pública de saúde.


Antes de falar sobre a área clínica, queria enfatizar a definição de arteterapia, trazendo um conceito que ouvi em uma Live da Mariana Kirschner:


“Arteterapia é um serviço de saúde mental que atua na melhoria da qualidade de vida de pessoas, de famílias e de comunidades por meio do fazer artístico assistido, incluindo teorias da psicologia e a relação psicoterapêutica.”


Eliana Moraes, em seu livro Pensando a Arteterapia (2018), lindamente diz que a arteterapia propõe um processo terapêutico que abre espaço para o ato criativo, sendo este a fala sem palavras.


No contexto clínico, que é o coração deste artigo, o atendimento arteterapêutico pode ser individual ou em grupo. Em ambas as situações, é possível fazer atendimento presencial ou online, cada um com suas particularidades.


Em uma sessão de arteterapia serão utilizados diferentes recursos expressivos e, de maneira mais diretiva ou menos diretiva, o arteterapeuta conduzirá o processo facilitando a comunicação do cliente consigo mesmo. Esses recursos expressivos podem ser desenho, pintura, colagem, modelagem, literatura, música, dança, fotografia, entre outras técnicas artísticas, exploradas de inúmeras maneiras.


Para fazer arteterapia, não é necessário que o cliente tenha nenhuma habilidade artística. Inclusive é muito interessante que não tenha para que não se prenda a técnicas ou à “beleza” do resultado. A atenção não mora na estética, mas sim no processo expressivo. Não existe feio ou bonito em arteterapia. Existe o deixar se levar pelas emoções e pelos materiais e mergulhar em si mesmo, em um espaço seguro e conduzido por profissional qualificado.


Criar algo feio, não esperado externa ou socialmente, faz todo sentido. Torna-se, inclusive, uma experiência libertadora, pois assim o indivíduo pode admitir e expressar da forma mais honesta possível consigo mesmo seus sentimentos mais profundos e verdadeiros. E assim, o que feio na ótica da estética, torna-se o que Kandinsky chamou de o “Belo Interior”. (MORAES, 2018, p. 37)


Na sessão arteterapêutica as possibilidades são enormes, ressaltando que arteterapia pode abraçar qualquer pessoa, de qualquer idade, e as necessidades específicas de cada público serão consideradas pelo arteterapeuta na hora de propor atividades ou materiais.


O atendimento arteterapêutico individual pode fluir de maneira menos diretiva do que em grupos, o que significa que o cliente é quem vai delimitando o ritmo do processo. Em grupos, que podem ser de diferentes configurações, é mais comum que o arteterapeuta faça uma provocação ou traga um tema para a produção por meio de técnicas e materiais artísticos.


Em linhas gerais, a sessão se inicia com algum exercício de aquecimento, relaxamento ou concentração, seguida pela produção de imagens, lembrando que estas não se restringem a imagens visuais. Após a produção de imagens, o arteterapeuta deixa espaço para a fala, caso o cliente se sinta confortável. Entretanto, pela versatilidade da arteterapia, é possível sair dessa ordem, trazer novos elementos, pois está longe de ser uma fórmula pronta.


Grupos arteterapêuticos


Os grupos em arteterapia podem acontecer em formatos breves, como vivências pontuais, ou grupos continuados, em processos mais longos. Podem ainda ser abertos, quando novos participantes podem chegar a qualquer momento, ou fechados, quando segue o mesmo grupo ao longo do processo, sem entrada de novos participantes. Podem também ser presenciais ou online. Essas configurações vão depender muito dos objetivos de cada grupo, assim como dos locais e contextos em que os atendimentos serão realizados.


Na arteterapia clínica, as sessões em grupo possibilitam que as pessoas participantes se vinculem e formem um organismo próprio. Aquela história de que o todo é maior que a soma das partes a gente observa em grupos terapêuticos. Nos grupos as pessoas podem perceber que não estão sozinhas e que suas dores também podem ser das outras. Elas podem perceber que suas experiências reverberam nas outras, suas histórias atravessando outras subjetividades. Por mais que cada um tenha seu próprio universo, as pessoas estão ali conectadas de alguma forma. Uma apoia a outra e assim o grupo vai se movimentando no processo terapêutico.


Com a pandemia, foi preciso que arteterapeutas ultrapassassem as fronteiras de seus ateliers e se abrissem para a novidade do atendimento online, com suas vantagens e desafios. Falarei mais sobre esse tema no próximo artigo, contando a minha percepção sobre meu estágio, em especial a modelidade online.


Se você tem alguma curiosidade ou dúvida sobre arteterapia, deixe um comentário ou me escreva por e-mail. Vamos fazer desse ambiente virtual uma mesa com café fresco e bate papo.






MORAES, Eliana. Pensando a Arteterapia. Arteterapia Clínica. Rio de Janeiro: Semente Editorial, 2018. V. 1.

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